quinta-feira, 6 de maio de 2010

Chapter II

- Marquinhos, desce logo meu filho, o café da manhã ta pronto - grita a mãe do jovem Marcos da cozinha.
- Só mais 10 minutos mãe...
- Nada de 10 minutos menino, você vai se atrasar pra escola!
Marcos tenta levantar da cama, mas sem muito sucesso. Seu corpo parece pesar toneladas. Alguns minutos se passam e sua mãe entra no quarto:
- Marquinhos seu preguiçoso, levanta dessa cama menino!
- Já vou mãe, só mais 10 minutinhos...
- Pode esquecer menino, você vai levantar agora - puxando a coberta de cima do menino - e vai direto pro chuveiro, tome um banho rápido, hoje você não irá se atrasar...
Marcos levanta no susto e corre pro banheiro. Após o banho, seu uniforme escolar se encontra arrumado sobre a cama, e em frente a eles, no chão, estão seus tênis limpos com as meias dobradas por cima deles. Marcos pensa num minuto em como é bom ter mãe e se veste rapidamente. Já bem disposto, toma seu café da manhã, que já está todo pronto, inclusive os sanduíches, e ao terminar sobe para escovar os dentes.
Do alto de sua imponente bicicleta, Marcos se sente um verdadeiro velocista. Com o vento soprando os cabelos no rosto, ele nem se lembra que não preparou o exercício de hoje de geografia, aquele que valia nota. O mundo parece não existir, não existem cobranças, não existem problemas. É só o Marcos e sua bicicleta.

***

Com os dedos trêmulos, Leonardo tenta em desespero ligar para uma ambulância. O homem espatifado no chão está inconsciente, pelo menos é o que ele mais deseja. As pessoas na rua começam a se amontoar em volta do corpo desfalecido no canteiro central. As folhas do currículo do Marcos voam com o vento e se espalham pela cidade, algumas até viram aviões de papel.
Em alguns minutos chegam a polícia militar e a ambulância. Os militares fazem o cerco em volta do corpo, abrindo espaço pros paramédicos trabalharem. Um deles recolhe o depoimento do Leonardo, enquanto outros buscam testemunhas entre os transeuntes.
- Olha, é uma garrafa - Um transeunte aponta para o local onde estava o corpo, logo após ele ser levantado pelos paramédicos. Leonardo se apressa em olhar, e há quem diga que um sorriso malévolo surgiu no canto de sua boca ao ver a garrafa, mas ele se recompõe, afinal é a vida de um homem que está em risco. Não por isso, Leonardo se aproxima do policial e pede para recolher a garrafa como evidência. Em seguida vai até a ambulância e se dirigindo ao responsável pergunta:
- O bêbado, como está?
- O senhor quem é? - responde o responsável pela remoção.
- Eu sou o Dr. Leonardo, eu estava dirigindo, quando de repente esse homem atravessou na minha frente.
- Me desculpe Dr. Leonardo, mas essas informações são repassadas apenas às famílias das vítimas.
- Mas Dr, eu me preocupo, apesar de a culpa não ser minha, fui eu que o atropelei, quero saber se ele está bem, pelo menos isso.
- Na verdade o quadro é crítico, ele se encontra em estado de coma nesse momento e precisamos fazer a remoção imediatamente. O paramédico encerra o assunto fechando a porta da ambulância, que sai repentinamente em alta velocidade com a sirene ligada.
Um policial se aproxima do Leonardo:
- Senhor Leonardo, o senhor está liberado, por favor, assine este boletim de ocorrência e, se precisarmos do senhor, entraremos em contato.
- Muito obrigado policial - Leonardo assina enquanto agradece e rapidamente se dirige ao seu carro. Ao chegar lá, verifica os danos no capô, mas nada que impossibilite o deslocamento do veículo até o escritório.
Leonardo entra no carro e sai do local, espera apenas alguns metros longe da polícia e puxa o seu telefone celular:
- Cléber, é o Dr. Leonardo, sofri um acidente de trânsito leve, mas danificou um pouco a lataria do meu carro, estou me dirigindo ao escritório, envie um carro reserva para mim, completo, e mande alguém ir buscar o meu carro para iniciar os reparos.
- O senhor quer usar a franquia do seguro, ou prefere pagar pelo serviço?
- Pode acionar a franquia, acredito que o prejuízo será maior mesmo.
- Entendido Dr. Leonardo, em mais ou menos trinta minutos os meninos da concessionária chegarão ao seu escritório.
- Ok, até mais tarde Cléber, abraços.

[CONTINUA...]

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